terça-feira, 1 de março de 2011

Apenas palavras

O problema não está em pedir, desejar, mas sim em como pedimos. Expressamo-nos através das palavras, mas elas servem apenas para que com o uso da mesma, o outro entenda o que queremos ou sentimos.
            Colocamos as palavras como sendo a origem de tudo e as tratamos como verdades absolutas, com isso, algo que representa a mesma filosofia, mas com diferentes palavras, passam a serem reciprocamente descriminados. 
O que está acontecendo é que guerras são geradas pela intolerância com o outro, por acreditar que as crenças referem-se a diferentes Deuses, apenas por conterem nomes diversos.  As pessoas que promovem esse tipo de conflito e desfrutam desse mesmo pensamento, tem as palavras como origem, meio e fim. Mas a língua, seja ela o inglês, Frances ou português, só servem para passar algo já vivenciado.
Uma palavra só é dita, quando um conjunto de sentimentos passa a ser sentido por uma pessoa, por isso que ao mentir, apenas estamos passando uma interpretação equivocada do que de fato sentimos. Saiba que a palavra não tem valor próprio, mas expressa algo muito valioso, o acesso a esse algo (os sentimentos), faz com que as palavras se tornem inúteis e a mentira algo inacessível.  Porém ser verdadeiro com o outro é usar exatamente as palavras e expressões que remete a determinada sensação vivida, palavras que em comum acordo, foram atribuídas a cada sentimento, facilitando assim a comunicação entre pessoas. 
Uma bela oração, não faz sentido algum se na verdade o que sentimos, não condiz com cada valor agregado às palavras que as constitui. 
            Fazemos das orações um mecanismo com hora, lugar certo e palavras as quais muitas vezes ao menos entendemos seu significado ou valor agregado, mas fazemos dela uma chave para pedir e agradecer qualquer feito ou apenas as fazemos por força do habito, com isso, emitimos apenas sons de palavras, sem uma origem, o sentir.
             Apegar-se a palavra, significa transformá-la em sentimento, algo inviável, pois os sentimentos só podem ser compreendidos, quando o mesmo já foi vivenciado. Então, sem o sentimento ou origem da palavra (fruto das vivencias) as palavras não passam de barulho.
            O problema não está na existência de outras línguas e culturas, mas sim na falta de interesse ao interpretar o diferente, pois a riqueza encontra-se na diversidade.
            Essa interpretação consiste nos olhares, nas buscas e ações, mas a interpretação a que devemos ter do outro, não serve para banir ou aceitar um individuo, mas sim, entende-lo e com palavras ou até mesmo gestos, olhares, não indicar a resposta logo de cara, isso nós já temos, mas sim a busca pelo caminhar, para que o vivenciar se torne uma experiência coletiva, onde ai sim, com palavras, gestos e olhares, possamos trocar experiências vividas. 
            Os sentimentos fazem parte da língua universal do homem, o que muda, são as diferentes formas de externá-los.
 Não é preciso unificar o dialeto para que tenhamos palavras com significados iguais, o que precisamos é de instigar o interesse em desvendar os sentimentos alheios (o diferente)  fazendo com que os nomes percam seus supostos valores e que sirvam apenas como envelopes para carregar o que realmente importa, os sentimentos.   

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